Eleições 2024: Cabos eleitorais lotam a Rua XV em busca de votos para os candidatos

Quem passa pelo calçadão vê uma miscelânia de candidaturas de todos os campos ideológicos

Quem passa pela Rua XV neste período eleitoral e aceita receber material de campanha termina com dezenas de panfletos, adesivos, folders e todo tipo de material gráfico distribuído pelos cabos eleitorais.

Além do tempo de TV, rádio e da exposição na internet, os famosos “santinhos” ainda são uma estratégia importante para quem pleiteia uma vaga eletiva neste ano. E para esse corpo-a-corpo é necessário ter disposição e poder de convencimento.

Geralmente as pessoas que atuam como cabos eleitorais recebem um salário-mínimo por mês, mas isso pode variar em diárias que vão de R$ 50 a R$ 250, a depender do candidato e do que exatamente o trabalhador faz na campanha. Também é garantido por lei o vale alimentação, a depender da quantidade de horas trabalhadas por dia.

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Muita gente que está fora do mercado de trabalho formal aproveita o período das eleições para ganhar dinheiro enquanto busca outras oportunidades, como Giovani Reis, que é de Minas Gerais e chegou recentemente ao Paraná.

“Eu conheci algumas pessoas da campanha e como já fiz panfletagem em Minas, perguntei se não precisavam aqui. Eu gostei bastante porque ele [o candidato] é bem humano. Vocês ficaram sabendo que a Seleção Brasileira estava aqui perto? Eu pedi se podia ir lá ver e ele liberou. Até tirei foto com o Vini Jr.”, contou.

A drag queen Martha Barelli também enfrenta o sol (ou a chuva, a depender da semana em Curitiba), mas no caso dela, a ideia é apoiar a causa. “Eu já conhecia o candidato, é defensor dos Direitos Humanos, da diversidade, então dei um tempo na minha agenda para ajudar nessa reta final”.

A miscelânea de ideologias povoa o calçadão. A poucos metros da drag queen (que não está montada devido ao calor) dois voluntários encampam uma campanha de candidata do União Brasil. Edvilson Marques, se identificou com o campo político dela. “Me convidaram para conhecer a candidata, eu já conheço o marido dela, e aí vim. Essa é a primeira campanha que eu trabalho e as propostas de segurança me causaram identificação”, disse.

Jane Grein, por sua vez, ajuda o colega de trabalho a entregar os santinhos e diz que já era eleitora da candidata antes de vir para a campanha. “É uma pessoa íntegra, defende a família e com certeza eu já votaria nela de qualquer jeito”.

Além do voluntariado e da contratação direta de trabalhadores para a campanha, também é possível contratar empresas de marketing que organizam a logística dos trabalhadores. Alguns partidos e candidatos optam por esta modalidade para agilizar o processo. Esse foi o caso de Manu Correia, que tem uma equipe que atende a uma candidatura.

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“O que aconteceu foi que eu estava com essa empresa, mas a pessoa que me contratou não repassava o valor todo da diária para nós, aí agora estou trabalhando diretamente para a candidata, que é bem melhor. Antes a gente tinha que pagar do bolso almoço, água e passagem, agora não, recebo tudo certinho”.

O primeiro voto

Os estudantes Gabriel Willian e Lucas Berlini, devidamente ornamentados com adesivo do candidato que representam, entregam material de campanha e tentam convencer indecisos.

Gabriel votará pela primeira vez na vida neste ano, e embora seja remunerado para a função, já conhecia o candidato de longa data, porque as famílias são amigas. “O meu pai também é advogado, então a gente já conhecia. Sobre a campanha, estou achando legal estar aqui, falar com as pessoas que passam na rua. É uma boa experiência”, argumentou

Lucas conheceu o candidato por meio de amigos que cursam Direito e para convencer eleitores a votarem se preparou estudando as propostas. “A gente leu direitinho tudo o que ele propõe e também o que já fez. Aí quando a pessoa topa conversar vamos falando”.

A proximidade com o candidato também fez Cleyson Rosseto e Estefani Alves passarem boas horas não somente na Rua XV, mas em bares e nas proximidades de universidades para entregar panfletos com propaganda do candidato.

“Nossa campanha tem contratados e tem voluntários. Então a gente vai se dividindo. Não fica todo mundo no mesmo lugar sempre. Depende do dia”, explica Estefani.

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Além disso, trabalhadores de todos os campos ideológicos, precisam lidar com eleitores que desaprovam seus candidatos. “Alguns falam que não vão votar na esquerda, e aí tudo bem, a gente só não entrega. Outros são mais hostis, aí a gente tem que sair”.

Eleições

O primeiro turno das eleições acontece no dia 6 de outubro, daqui a dez dias. Para os candidatos ao cargo de vereador não há segundo turno, portanto a reta final se aproxima e tanto online quanto no corpo-a-corpo a atuação dos cabos eleitorais deve ser intensificada.

No dia da eleição é proibida a distribuição de materiais de campanha – a chamada boca de urna – mas o eleitor pode manifestar seu apoio com adesivos e bandeiras, desde que faça isso de maneira isolada e silenciosa.

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