Ônibus de Curitiba perdeu 2,1 mi de passageiros a cada R$ 1 de aumento na passagem

Cálculo aponta que a cada real a mais pago às concessionárias por passageiro, 2,1 milhões de passageiros deixaram de usar o transporte por mês

A Rede Integrada de Transporte de Curitiba perdeu 2,1 milhões de passageiros pagantes a cada R$ 1 de aumento na tarifa técnica. O Plural calculou a relação entre a tarifa paga às empresas concessionarias do serviço e o número de passageiros pagantes equivalentes. Desde 2014 (ou seja, nos últimos dez anos), a cidade perdeu 13 milhões de usuários pagantes do transporte coletivo. Ao mesmo tempo, o déficit mensal do sistema foi de R$ 4 milhões para R$ 12 milhões, um custo que é cobrado dos cofres municipais.

A redução no número de passageiros do sistema de transporte é um dos maiores problemas enfrentados por Curitiba atualmente, Além de aumentar o trânsito de veículos nas ruas do município, a queda encarece o transporte e o custo de vida, especialmente da população com salários mais baixos. O tema deve ser central na campanha eleitoral de 2024, uma vez que a cidade deverá licitar novamente o sistema em 2025.

Recentemente a prefeitura de Curitiba tentou aumentar o uso do transporte coletivo ao criar o Cartão Curitiba +, que permitia viagens ilimitadas fora dos horários de pico. A iniciativa foi um fracasso, com baixa adesão e uso. O cálculo de correlação feito pelo Plural aponta que existe a possibilidade de aumento no número de passageiros se houver uma redução na tarifa.

Usando os dados do sistema relativos a junho de 2024, o Plural calculou que a tarifa fosse reduzida para R$ 5, o total de passageiros pagantes equivalentes por mês poderia chegar a 13 milhões (hoje são 11 milhões de passageiros pagantes equivalentes). Mais importante, o déficit mensal do sistema nesse cenário ficaria no mesmo patamar dos R$ 12 milhões registrados em junho de 2024.

A simulação mostra que a redução no valor da tarifa promoveria o aumento no número de passageiros com pouco impacto no déficit do sistema com a tarifa social reduzida até R$ 4,5. A partir de R$ 4 o déficit sobe para R$ 17 milhões por mês, considerando os mesmos parâmetros atuais.

A separação entre a tarifa social (paga na catraca) e a tarifa técnica (paga às concessionárias) é uma criação da licitação do sistema de transporte em 2009, cujo contrato protege o retorno financeiro das empresas concessionárias do sistema. A URBS, que gerencia o sistema, arrecada a tarifa paga na catraca pelos usuários. Ao mesmo tempo a URBS também calcula mensalmente o custo do sistema com base em parâmetros da instituição e das empresas, como os custos de manutenção, folha de pagamento, combustível, pneus, impostos etc. Como esse custo fica sempre acima da tarifa social, a URBS complementa o valor pago, de forma que as empresas são remuneradas de acordo com a tarifa técnica.

O resultado é que desde 2017, quando o atual prefeito Rafael Greca (PSD) assumiu a prefeitura, Curitiba tem subsidiado, em média, 14% do custo mensal do sistema de transporte coletivo. Isso, no entanto, não implicou em redução na tarifa cobrada dos passageiros. No máximo, a prefeitura e a URBS determinaram o adiamento do reajuste da tarifa em 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid-19 e em 2024.

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3 comentários em “Ônibus de Curitiba perdeu 2,1 mi de passageiros a cada R$ 1 de aumento na passagem”

  1. Ilomar Aparecida da Silva

    O problema é que os ônibus de Curitiba nunca voltou ao horário normal que era teve redução de mais de 50%dos ônibus, e ainda foram retirados os ônibus de suas linhas que tinha um itinerário a mais de 40 anos, como o rua xv barigui que foi extinto e ficou como barigui, que só vai até a praça Zacarias,com integração temporal de somente uma hora ,com o tarumã ou alto tarumã, porque não por duas horas como o resto dos ônibus que fazem integração temporal. Poderia melhorar se fizesse integração temporal com todas as linhas , pois nos passageiros sofremos com isso pois umas três vezes na semana os ônibus não estão com o nome da linha no validador e aí não é possível fazer a integração, fora que pra urbs e prefeitura cobra a passagem da gente a vista e pra devolver os seis reais leva praticamente 30 días, outra é que quando o motorista atrasa vc perdeu a integração e a urbs não devolve pois eu mesma tenho uma solicitação de devolução do dia 30/05/2024 do ônibus barigui que atrasou uma viagem e chegou junto com o carro extra e eu perdi a integração por dois minutos e eles não devolve , ainda querem que tenha mais passageiro pra não fazerem a devolução pra mais pessoas Sr Rafael Greca e URBS cria vergonha na cara pois nosso trasporte público não é mais o mesmo de antes

  2. Eu acho está passagem,de Curitiba muito cara, por isso a praça de passageiros, veja R$ 6,00 + 11R$ de subizidio q o governo paga por passagen!!! Veja estamos falando de um valor muito expressivo de 17 reais por passagen!!!! Se o trasporte não desse lucro alguém queria estar tocando,o trasporte? Ao contrário vemos família comprando as empresas pra ficar o monopólio só nas mãos deles!!! Porque a URBS nuca divulga a quantidade exata de passageiros,transportada , pois sabemos que até os exntos pagam !!! Atravéz do subizidio.

  3. O trânsito está realmente complicado até fora de horários de pico. Muita gente que estaria utilizando ônibus está utilizando veículos de aplicativos porque está compensando financeiramente. Alguém que tenha que pagar duas passagens de ônibus (já que a prefeitura insiste no sistema anacrônico sem integração temporal, apenas integração nos terminais) tem alta probabilidade de preferir utilizar um carro.
    Esse é apenas um dos problemas, mas acho que pode vir a ser o mais difícil de ser enfrentado, já que muita gente vê a utilização do transporte coletivo como um demérito; pagar um carro de aplicativo indicaria uma melhor condição social. Dizer que o eleitor curitibano que é melhor e é necessário andar de ônibus pode custar alguns votos.

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