Projeto da UTFPR propõe educação midiática em sala de aula

Projeto “Educação midiática em escolas públicas de Curitiba: oficinas colaboram no combate à desinformação” foi premiado em julho no Intercom

Em julho deste ano, o trabalho “Educação midiática em escolas públicas de Curitiba: oficinas colaboram no combate à desinformação” foi o ganhador do Prêmio Intercom Região Sul, na modalidade Pesquisa – Ensino. O trabalho, assinado pela professora Elza Aparecida de Oliveira Filha e pelas estudantes Ana Luiza Egg, Mariana de Mello Borges e Amanda Colchesqui Rodrigues da Cruz, promove a educação midiática no ambiente escolar. O projeto de extensão faz parte do curso de bacharelado em Comunicação Organizacional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), coordenado por Filha.

De acordo com Mariana Borges, mestranda em Estudos de Linguagens, e integrante do projeto desde seu início em 2022, o principal objetivo do programa é desenvolver pensamento crítico e analítico nos alunos. “A proposta da educação e o letramento midiático é desenvolver nos indivíduos a capacidade de identificar, analisar e ter um pensamento crítico com relação às informações que consomem”, explica.

Até o momento, cerca de 500 alunos na faixa dos 11 a 13 anos, estudantes do sexto e sétimo ano do ensino fundamental participaram do projeto. “Esse conteúdo pode ser aplicado a diferentes matérias escolares, é claro que umas terão mais afinidade com o tema do que outras. Outras adaptações também são feitas, por exemplo, os alunos do 6º ano aprendem sobre fake news e desinformação e os do 7º aprendem também sobre cyberbullying”, diz Borges. 

Pode parecer precoce ensinar adolescentes sobre fake news e desinformação, mas de acordo com Borges as crianças já estão aptas a aprender sobre o tema assim que desenvolvem a capacidade de discernimento. 

Segundo dados da Pesquisa de Tecnologia da Informação e Comunicação divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 54% das crianças com idades entre 10 e 13 anos já têm celular. “É notável a inserção das crianças no assunto. Sempre que damos algum exemplo elas já conheciam ou até acrescentavam algo do cotidiano deles”, conta Borges.

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A recepção ao projeto foi positiva e a ideia de envolver a comunidade com os aprendizados das oficinas parece ter dado certo. A preocupação é que os alunos repassem seus conhecimentos aos familiares. “Os alunos levam cartilhas para casa e até o momento só recebemos feedback positivos dos pais”, conta a mestranda.

Uma pesquisa feita pelo instituto Locomotiva e divulgada pela Agência Brasil, aponta que oito em cada dez brasileiros já acreditaram em uma fake news. Segundo a pesquisa, o teor das notícias falsas era sobre venda de produtos, propostas em campanhas eleitorais, políticas públicas ou de escândalos envolvendo políticos. Mas mesmo que tenham caído em uma desinformação, 62% dos entrevistados na pesquisa confiam na própria capacidade de diferenciar informações falsas e verdadeiras em um conteúdo.

Durante o período eleitoral a circulação de fake news costuma aumentar. Durante o pleito de 2022, segundo relatório divulgado pelo grupo de pesquisas NetLab da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) , a média diária de mensagens falsas cresceu de 202,5 mil no primeiro turno para 311,5 mil no segundo turno.

Para as pesquisadoras do projeto “Educação midiática em escolas públicas de Curitiba: oficinas colaboram no combate à desinformação”, é possível ensinar desde cedo a identificar informações falsas. “É preciso tomar cuidado com notícias muito sensacionais, com números muito exagerados, verificar as fontes, ver se a publicação tem referências, se a postagem tem um autor. Se não tiver alguma dessas informações é possível que o conteúdo seja falso”, aponta Borges.

Outras formas de identificar publicações enganosas é verificar se outros sites também noticiaram o fato, se a publicação não foi tirada de contexto, se as datas da publicação condizem com as datas do fato e verificar a procedência da informação em sites de checagem especializados em desmentir fake news.

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