As mobilizações pela valorização da educação pública e da ciência começaram nesta quarta (2) no Paraná, onde estudantes, professores e profissionais se uniram a movimentos sociais e sindicatos para protestar. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), uma greve de 48h paralisou aulas e chamou atenção da população com apresentação de pesquisas e aula pública. Na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, trabalhadores prorrogaram o início do turno da manhã ao criticar a privatização do setor. Destruição da Amazônia e Future-se, assim como a Reforma da Previdência, também foram alvo dos protestos, que levaram 1,5 mil pessoas às ruas de Curitiba na noite desta quinta-feira (3).
A mobilização se concentrou na praça Santos Andrade e seguiu pelas ruas centrais da Capital. Além da comunidade acadêmica, sindicatos e movimentos sociais participaram das manifestações, que começaram na UFPR. No Campus Litoral da universidade, todos os setores foram paralisados nestes dois dias. Nos campi de Curitiba, a adesão foi parcial, mas contou com muita ação.
Sindicatos de professores e técnicos, ao lado do Diretório do Central dos Estudantes, distribuíram panfletos e debateram sobre o que vem acontecendo nas instituições federais de ensino. Após o governo federal cortar 30% da verba orçamentária, as universidades passam por situação financeira delicada. Mesmo com a recente liberação de metade da verba contingenciada, não há como garantir o andamento das pesquisas.
Até um palhaço, vestido como no filme IT, foi usado para atrair alunos e docentes. “Usamos um personagem de filme de terror para caracterizar a situação política atual, que é aterrorizante mas, ao mesmo tempo, chama para ação. Com isso, muitos perceberam a importância da participação nos atos, que não é simbólica, é uma demonstração de força”, diz o presidente da Associação dos Professores da UFPR (APUFPR), Paulo Vieira Neto.
“Precisamos esclarecer o que significa a pesquisa dentro da universidade, o processo de relação com a comunidade, através da extensão, e um estudante muito bem formado. Mas para garantir tudo isso, que volta para a sociedade, precisamos de verbas, condições de trabalho, bolsas de estudo, material nos laboratórios, um restaurante universitário de qualidade e coisas básicas, como luz e água”, ressalta a professora Maria Aparecida Zanetti.
“O pessoal está muito mobilizado, interessado em combater o desmonte da universidade, que é o que o governo federal vem tentando fazer”, afirma o diretor do Sinditest-PR, Olivir Freitas, lembrando do ato intitulado Universidade na Rua. “Estudantes e professores foram até a rua XV, onde mostraram o que a universidade faz e como ela é importante para a sociedade brasileira.”
Para Larissa Silva Souza, presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), o protagonismo do estudante na rua é fundamental. “Precisamos unir nossas pautas, estender nossa luta, pois não estamos nas ruas só pela Educação, mas pela defesa da Petrobrás e da Amazônia. Essa unidade que estamos construindo é a ferramenta emancipadora do povo e a única ferramenta de garantir uma resistência que vá, de fato, impedir estes cortes e permitir que a universidade funcione produzindo ciência e tecnologia para o desenvolvimento do país.”