Vídeo contra greve dos professores está arquivado em drive de estrategista digital

Secretaria Estadual de Educação negou autoria dos vídeos, mas e-mail cadastrado tem domínio .pr.gov

*MATÉRIA ATUALIZADA ÀS 8H04 06/06/2024 PARA INCLUIR NOTA DA SEED
O Governo do Estado do Paraná, pediu a prisão da presidente da APP-Sindicato, Walkíria Olegário Mazeto, por descumprir decisão judicial e manter a greve. No documento, além disso, a educadora e o sindicato são acusados de disseminar conteúdo falso. Em contrapartida, pais e professores denunciam recebimento de mensagens apócrifas com vídeo e textos que desqualificam a greve dos professores. O Plural revelou o caso nesta semana.

Questionada pela reportagem, a Secretaria de Educação negou a autoria [e depois retificou a informação, veja abaixo], contudo, o dono do drive que hospeda o conteúdo é Luciano Renan, estrategista digital, que tem e-mail no domínio .pr.gov , ou seja, do Governo do Estado.  

Pelas redes sociais Luciano Renan se apresenta como prestador de serviço da Seed por meio da Fundação de Apoio e Pesquisa ao Ensino e a Cultura (Fapec), que tem contrato assinado com o Governo do Estado, por meio da Paraná Educação, desde 22 de junho de 2023 no valor de R$ 36 milhões.

O Plural entrou em contato com ele por meio de dois endereços de e-mail de Luciano Renan, mas ainda não obteve resposta.

A Fapec, por sua vez, afirmou que o contrato “trata-se de um projeto de extensão, desenvolvido em parceria da UFMS e a SEED-PR, onde a FAPEC atua como interveniente administrativa e financeira”. Sobre o vídeo que está disponibilizado no endereço eletrônico de Luciano Renan, a Fundação disse que “desconhece tal fato e, com base nas informações que nos foram direcionadas, avaliaremos a veracidade dos fatos e caso haja indícios concretos será instaurado um procedimento administrativo interno para apuração de veracidade e responsabilidade”. A Fapec mencionou ainda que “prima pela legalidade, moralidade e imparcialidade das ações, não tendo seus colaboradores autorização e nem autonomia para se manifestar sobre assuntos não vinculados ao projeto específico para a qual foi contratada” e, por fim, a nota diz que “as providências necessárias estão sendo adotadas”.

Entenda

Pais de alunos de escolas estaduais do Paraná receberam material em vídeo e texto, não assinado (com autoria desconhecida) dizendo que seus filhos estavam em perigo caso participassem de protestos contra a terceirização de serviços administrativos em escolas do Estado, além de acusar a APP-Sindicato de disseminação de desinformação.

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A reportagem também questionou a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) sobre um eventual vazamento de dados dos contatos dos pais para o envio de mensagens. O contato não foi respondido até o fechamento deste texto.

Atualização

Nesta quarta-feira (06) a Seed enviou uma nota ao Plural na qual corrigiu a declaração anterior sobre o vídeo. Leia a íntegra:

“A Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED-PR) esclarece que enviou mensagem com o vídeo mencionado na reportagem para os telefones de pais e responsáveis. O objetivo era alertá-los sobre os riscos que estudantes podem enfrentar em manifestações, promovendo a reflexão e prevenindo situações adversas.

O colaborador mencionado não teve acesso aos contatos e apenas subiu o material no drive. Ressalta-se que o acesso ao e-mail não significa acesso irrestrito à dados e informações de pais e alunos. Ele é contratado por meio de um convênio firmado entre a SEED-PR, a UFMS e a FAPEC. O objetivo é executar um projeto de extensão com ações voltadas ao fortalecimento da comunicação.

A Secretaria reafirma seu compromisso com a segurança e bem-estar dos estudantes, informando e conscientizando a comunidade escolar sobre questões relevantes que possam afetar o ambiente educacional.”



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