Museu Planeta Água mostra o mundo como você nunca viu

Foi uma gestação longa: uma década. O mesmo tempo que o maior animal do mundo, a baleia azul, leva para chegar à idade reprodutiva foi necessário para colocar em pé o primeiro museu interativo dedicado à água no Brasil. E é a réplica do esqueleto de uma baleia azul, medindo 23,5 metros – o tamanho de um animal jovem –, feita com 40 mil itens de embalagens plásticas, simbolizando um manifesto contra o lixo que vai parar em rios e oceanos, que recepciona os visitantes do Museu Planeta Água.

A ideia do espaço, que hoje é realidade e transborda conhecimento e conscientização em seus 1.300 m², foi aprovada em 2013 pela Lei Rouanet. Depois de resolver todos os impasses que uma obra desse porte implica, a equipe de curadoria começou a trabalhar na pesquisa e criação em 2019. A saga, no entanto, estava longe de acabar: o plano inicial era inaugurar em 21 de março do ano passado, data em que se comemora o Dia Mundial da Água. A epidemia de Covid-19 atrapalhou os planos, mas a equipe – formada pelo diretor geral do projeto, Wil Caravanti, e pelos curadores Aurélio Sant’Anna, Ericson Straub e Maria Celeste Corrêa – deu a volta por cima e a inauguração ocorreu em 29 de junho deste ano.

O museu está instalado no prédio em que funcionou a primeira estação de tratamento de água do Paraná, no bairro Tarumã, em Curitiba, uma construção da década de 1940, e onde ainda há setores da Sanepar em funcionamento. Por isso, as visitações só podem ocorrer mediante agendamento. Primeiro as escolas terão as visitas iniciadas a partir de 1º de setembro. Já o público em geral poderá conhecer o local em novembro. Aos visitantes são oferecidas muitas experiências sensoriais e interativas, com recursos que vão do analógico ao digital, sempre conectadas a informações atualizadas.

O objetivo, segundo Maria Celeste Corrêa, uma das idealizadoras do projeto e curadora de conteúdo do Museu, é que o visitante saia do Planeta Água diferente do que entrou, mais consciente. “Temos 11 diferentes espaços em que os visitantes farão uma imersão no que a água representa para o planeta, para a vida”, disse.

Espaços

No espaço “Água e Prazer”, o público terá uma experiência sensorial, com percepções ligadas à água, tais como o barulho e os respingos de uma cachoeira; a água da chuva e o cheiro de café (que, como tudo, é feito com água), entre outras.

O espaço “Água é Preciosa”, por meio de sons, luzes, cores, formas e calor, conduz à sensação da privação de água no espaço. Já na área “Água e Morte” o visitante poderá sentir e refletir sobre como a água, que é fonte da vida, pode estar associada à morte quando os seres humanos não a respeitam.

Continuando a jornada pelo Planeta Água, na área “Oceanos”, que integra o espaço “A Origem da Água”, os visitantes podem interagir com um equipamento que apresenta uma radiografia de espécies marinhas. A experiência do espaço “Água e Consumo” permite que as pessoas façam escolhas no que diz respeito a tempo de banho, alimentação e modal de transporte.

Outra experiência, vinculada ao painel “Florestas”, permite que as pessoas conheçam detalhes sobre a árvore sumaúma que estão guardados em gavetas: folhas, fruto, sementes, tipo de madeira e um dos maiores insetos que a habita, entre outras surpresas.

Para quem ainda não faz ideia do quanto a água representa em cada ser, a curadora de conteúdo destaca, também, uma das muitas possibilidades de interatividade. “No espaço ‘Água e Vida’ o visitante poderá subir em uma balança e colocar seus dados pessoais. Assim o equipamento mostra qual é a quantidade de água existente no corpo da pessoa e a quantidade de água que ela precisa beber diariamente para se manter saudável. Em ‘Água e Energia’ a interação ocorre com um globo de plasma, numa alusão à energia que existe em todos nós”, detalhou Maria Celeste Corrêa.

O mundo e a água

Um outro recurso que promete provocar a reflexão e mudar o ponto de vista dos visitantes é um globo terrestre que mostra as quantidades proporcionais de água existentes no planeta, revelando como é escassa a água potável na Terra. “Em lugar da divisão política e geográfica, a Terra se apresenta com os nomes dos grandes rios impressos, salientando que mesmo as áreas continentais são cobertas, em grande parte, por água. Com o globo terrestre partido ao meio, o visitante também poderá conhecer a localização dos grandes aquíferos do planeta”, conta a curadora.

O que mais você vai ver no Museu

Um exclusivo mapa-múndi que apresenta mais de 90 camadas do relevo da Terra, evidenciando a profundidade e os recortes geológicos dos oceanos, traz projeções em vídeo, com temas como a história dos deslocamentos humanos pelos mares, o lixo nos oceanos e a formação dos Rios Voadores sobre a Amazônia.

Uma aula multidisciplinar

“O Museu nasceu para ser um grande espaço de conhecimento. A intenção é que turistas, estudantes, escolas e universidades possam usufruir desse imenso apanhado de informações sobre o elemento água, desde o seu surgimento até sua escassez e índices de contaminação, nos dias atuais”, finalizou Maria Celeste Corrêa.

Para elevar a percepção sobre a importância da água para a sobrevivência do planeta, foi criado um tour provocativo e analítico para que os visitantes observem, sintam e interajam nas várias etapas do “passeio” imersivo e sensorial.

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